Orientações para o Catequista de Crisma
1.Seja positivo e
propositivo. Só positivamente se vai
dar catequese. Esse sempre foi o princípio de Jesus Cristo para cativar os
corações e evangelizar. A mensagem de Cristo só ressoa no coração se ela vier
de uma fonte positiva: você. Sem amor, nenhuma evangelização vai dar fruto.
Gente que só vê defeitos, pecados e fala mal não consegue ser apóstolo de
Cristo, faz mais mal do que bem, inclusive na catequese! Proponha em vez de
criticar.
2.Parta sempre da vida. Não se esqueça de comparar o que estiver falando com assuntos e
exemplos diários do mundo cultural dos crismandos. O Evangelho tem que atingir
a vida. Não considere tudo o que não é
explicitamente religioso como pecado: Deus se vale dessas coisas para nos ir
ensinando a chegar mais perto dele.Jesus valorizava o campo
para os camponeses, as citações bíblicas para os doutores da lei, etc. É a
partir da vida que devemos dar nossa catequese, fazendo os jovens ir vendo como
Deus se manifesta na história do povo, da comunidade e na nossa história
pessoal.
3.Fale apenas o que
vive e viva o que ensina: catequese quer dizer fazer
ecoar. É preciso que a Palavra de Deus ecoe primeiro em nós
para ter força de ecoar nos outros. Catequese não é “aula de religião”: na aula
eu ensino o que não vivo; na catequese, só posso ensinar o que vivo. Por isso,
para despertar amor à Igreja e a Cristo é necessário amar Cristo e a Igreja
antes. Partilhe o que você sabe, mas partilhe a sua experiência vivida
sobre aquele assunto. Nada melhor do que um catequista que vive
o que ensina.
4.Prepare antes o que
vai falar e fazer. Por favor, não vá para
o encontro despreparado para falar e fazer qualquer coisinha: não enrole!
Ninguém gosta de gente que brinca de fazer alguma coisa. Ninguém gosta da aula
chata do professor que não prepara, do sermão mal-preparado do vigário, da
informação errada de quem não se comporta como profissional, né? Pois é, não
faça a mesma coisa que você critica...
5.Programe horário. Não fique só no falatório: programe começo, meio e fim. Veja
formas diferentes de dizer uma coisa. Procure recursos que estejam dentro da
discussão (cartaz, dinâmica, música, mapas, vídeo, brincadeira, trechos
de filmes, poesias, etc.) e leve a sério a programação do encontro. Se for
preciso, marque horários para começar e para acabar uma atividade. Assim se
evita que alguma coisa tome o tempo todo (prejudicando o conjunto) e que fique
chato. Ah!, não se esqueça de chegar antes (e não depois) de todos...
6.Catequese é assunto
orante. Há catequistas que se
lembram de tudo, menos da oração. Catequese não é aula, mas partilha da fé
vivida. É preciso orar para preparar o encontro e orar durante os encontros (no
começo, no meio ou no fim) com os adolescentes. Assim, você vai motivando e
formando a fé dos seus discípulos.
7.Ajude os seus
catequizandos a se concentrar. Muitas pessoas, ao vir para o encontro, passaram por problemas,
estão agitadas, mal-humoradas, desanimadas ou sem disposição. Acolha com
alegria e carinho (todo mundo gosta de ser bem tratado e um sorriso largo
desmonta o mau-humor). Mas não se esqueça de ajudá-los a estar no encontro de
corpo e alma. Já vi muitos catequistas que brincam e falam tanto que atrapalham
os próprios encontros. No momento da catequese você não deve ser só mais um
amiguinho, mas um amigo que cresceu na fé e quer partilhar isso com eles.
8.Dê catequese por amor
a Cristo e à sua Igreja. Tenho visto muitos
catequistas que querem estar ali por muitos outros motivos: paquerar, sair de
casa, se enturmar, etc. Se você é algum desses, revise as suas motivações e –
se for preciso – dê um tempo para você, para sua comunidade e para os seus
catequizandos. Vamos ser honestos, a catequese de crisma não é lugar para
arrumar namorada(o), nem para outras finalidades. Quem é catequista deve estar
lá servindo a Cristo como membro da comunidade dele. Outras motivações devem
ser purificadas e deixadas de lado.
9.Tenha sempre uma
carta na manga. Não esqueça que todo
mundo gosta de uma surpresinha: apimenta o encontro e dá um sabor novo.Procure, de vez em
quando, mudar algo. Você vai ver que efeito produz. Normalmente, a surpresa age
positivamente nas pessoas.
10.Avalie os encontros
com os crismandos. Ninguém melhor do que
os próprios adolescentes para lhe dizer o que estão achando e lhe fornecer
sugestões. Dê oportunidade para a sinceridade rolar entre vocês e tudo irá bem.
Não precisa avaliar todo dia, mas pode ser a cada bloco de encontros. Mas não
seja apenas formalidade: leve a sério e mude o que precisar.
11.Conte com a
participação. Alguns catequistas
morrem de medo de cobrar algo dos crismandos: assim eles vão ficando cada vez
mais passivos. Programe tarefas e passeios comuns e vá dividindo as
responsabilidades. Você é catequista e não papai ou mamãe deles. Deixe-os
falar, peça opinião, valorize a participação, mas freie quando falarem demais
ou passarem dos limites. Você não tem um cargo eletivo pra zelar, mas deve ser
testemunha da fé. Aja com responsabilidade e peça isso deles também.
12.Engaje todos os
crismandos durante o ano em sua comunidade. Nem todos têm os
mesmos dons e osmesmos talentos. Aos poucos (não
deixe para os últimos encontros!), vá encaixando os crismandos nas tarefas e
nos compromissos com sua comunidade: tenha sempre em mente que o objetivo a ser
alcançado é o engajamento do maior número possível de crismados na comunidade
de fé. E não cobre só dos jovens: cobre também da sua comunidade e dos
responsáveis por ela (padre, irmã, coordenadores, ministros, etc.) que os
jovens tenham seu espaço, sua vez e sua voz. Mas vá com calma! Não precisa
pegar pesado ou criar uma briga na comunidade: conversando todo mundo se
entende.
13.Conte com o apoio
dos grupos de sua paróquia. Se você quiser que eles
se engajem, é preciso contar com a liderança de sua comunidade. Grupo de
vicentinos, Apostolado da Oração, legionários, grupo de jovens, Terceira Idade,
grupo de terço, vocacional, etc. Antes do final do ano, todos os adolescentes
devem ter visitado todos os grupos da paróquia e escolhido um para participar.
O coordenador do grupo é que vai dar o seu parecer sobre a recepção ou não da
crisma, de acordo com o amadurecimento da pessoa.
14.Programe atividades
extras para confraternização e amizade. O grupo precisa se sentir unido e ter
uma identidade própria. Assim, quando acabar a catequese, o grupo vai querer
continuar como grupo de jovens. Se isso acontecer, a catequese foi boa e
frutuosa! Passeios, retiros, vigílias, gincanas, noite de talentos, festival de
canção católica, concurso de teatro e encontros com grupos de outras paróquias
ajudam muito. Aproveite a Campanha da Fraternidade do ano como inspiração...
15.Não faça da sua
catequese uma arma: fale apenas o que sabe,
não invente nem aumente. Você é instrumento de Deus e fala em nome da sua Igreja.
Você não está ali para falar de sua fé pessoal, mas para transmitir a fé da
Igreja de Cristo. Veja músicas, textos bíblicos e dinâmicas para motivar o
encontro.
16.Trabalhe em grupo. Catequese só pode ser dada em comunidade. Peça que outras
pessoas de fé lhe ajudem nos encontros. Não falte á reunião de preparação com
outros catequistas. Discuta antes, com seu padre, com a irmã ou com outro
catequista, o encontro: peça dicas, aceite sugestões, programe a oração inicial
ou final, etc. E conte com a participação dos crismandos também.
17.Vá aos poucos,
progressivamente. Você que deve ter muita
coisa a dizer, deve ir parcelando as coisas aos poucos, durante o ano. É melhor
fazer dois encontros de uma hora e meia do que um de três horas.
18.Catequize pais e
padrinhos. A catequese de sua
comunidade programou o que, para pais e padrinhos? Você precisa tê-los como
aliados e precisa catequizá-los também. O grupo de catequese programou como
será a participação e a catequese deles durante a preparação dos adolescentes?
19.A leitura da Bíblia
nos ajuda a olhar e ver a realidade. Não o contrário. Não faça política, mas não se esqueça que a
leitura da Bíblia serve mesmo é para ver a realidade que está aí. Não tenha
medo de discutir e ver, sob a ótica da fé, assuntos atuais e candentes. A fé
não é pra ficar na sacristia, mas serve para viver com a realidade presente e
modificá-la. Não faça da fé “ópio do povo”, mas “motor de ações” que ajude a
melhorar a realidade e a sociedade. A fé nos inspira a todos para ser e fazer a
diferença.
20.Liturgia e catequese
são da mesma família da fé. Catequizando que se preza, precisa ter participação ativa na
liturgia. Agora, não basta mais vir à missa. É preciso contribuir
com a comunidade de fé. Contribuir
concretamente, o jovem que não quer mesmo, deve ser aconselhado a repensar a
sua opção de ser crismado. É como alguém querer namorar uma garota e se recusar
a ficar perto dela... (É ruim, não é?)
Se não for pedir muito,
gostaria que você e seu grupo de catequistas discutissem esses passos. Vocês
concordam? Discordam? Por quê? Que experiências tiveram sobre isso? O que os
ex-crismandos (ou o grupo de jovens) falam sobre?
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